O estilo 'Joelma e Chimbinha' acabou conquistando adeptos em todo o mundo. De Norte a Sul do país, de um extremo a outro do planeta, as botas de saltos altíssimos - até os joelhos - e os modelitos multicoloridos com adereços sempre lembrando o Pará, acabaram inspirando as peças da grife Calypso Vest, criada pela dupla e que acaba de ser lançada em Belém, durante jantar realizado no Hangar Centro de Convenções, que, claro, teve como anfitriões os próprios músicos. Só que se engana quem pensa que o objetivo dos, digamos, novos empresários é apenas empreender no segmento de moda. Eles querem muito mais do que 'fazer moda'. Pretendem criar oportunidade de empregos para centenas de moradores do município de Almeirim, onde nasceu Joelma.
'Esse vestido é da Calypso Vest e foi feito exclusivamente para essa noite'. Foi assim que Joelma recebeu a equipe do Magazine, durante o jantar de lançamento da grife. A cantora contou que a origem do novo negócio não se trata de um projeto que surgiu 'do nada'. 'Não foi uma ideia, e sim um sonho que tenho desde a minha adolescência. Quando via o povo da minha cidade (Almeirim) sofrer todas as vezes que se trocava os políticos, de quatro em quatro anos, perdendo seus empregos, olhei pro céu e disse ‘Deus o que é isso?’. Era difícil ver um lugar tão lindo e sem ter ninguém pra ajudar. Prometi à Deus que o dia em que ele me desse condição de fazer alguma coisa pelo meu povo, eu iria fazer', lembra Joelma.
E foi em no início do ano passado que a dupla começou a concretizar o sonho de 20 anos atrás. Durante a visita de Joelma à cidade uma pequena cidade pernambucana, ela descobriu que o índice de desemprego era de 0%. 'Quando soube disse eu pensei que Almeirim também podia zerar seu índice de emprego', conta a loira, que depois de receber a notícia, há dois anos, que a cidade passava por dificuldades, resolveu abrir a fábrica de roupas que tivesse a ver com a Banda Calypso. 'Já que o público sempre gostou das nossas roupas dos shows, por que não criar uma grife com a nossa cara, e que além de tudo ainda vai ajudar meus conterrâneos?', questiona a cantora.Do sonho de adolescente à detalhes sobre a inauguração das três lojas que terão uma loja da Calypso Vest, Joelma garante que está à frente de tudo. 'Eu mesma crio as peças, escolhi os lugares onde as lojas vão funcionar e até supervisiono a fábrica', afirma ela, que conta com o apoio da filha, Natália, para administrar o novo negócio, já que a agenda de shows da banda não permite com que ela e Chimbinha, estejam em Belém com frequência. 'Nossa vida anda muito agitada, graças à Deus. E nós vamos pra onde Ele me levar', diz, com orgulho.Prontos para uma turnê que vai passar pela Europa e por vários países como Estados Unidos e Japão, Joelma e Chimbinha não pretendem parar por aí. 'Queremos franquiar a marca. Não temos como administrar algo grandioso no sentido de comandar sozinhos. Mas queremos agregar pessoas e para isso estamos estudando proposta de empresários de vários estados', conta Joelma, que além da loja do shopping Pátio Belém, inaugurada na última semana, e do shopping Castanheira, que abre as portas na próxima semana, espera a conclusão das obras de um outro shopping, no bairro do Umarizal, para inaugurar a terceira loja da grife, o que só deve acontecer em 2010. 'A inauguração da primeira loja foi surpreendente. As pessoas foram e compravam mesmo. Agora, vamos nos concentrar na abertura da loja do Castanheira', avisou.
PAISAGENS 'Nossa marca é voltada para a música e para a natureza', garante Joelma, sobre a Calypso Vest, grife que, além de roupas, mostra acessórios feitos a partir do beneficiamento de sementes da Amazônia e de outros elementos regionais. As peças são assinadas pela própria cantora e pelo design manaura Jander Cabral, premiado na Índia e em outros países por criar bijóias inspiradas na Amazônia.De acordo com a cantora, cerca de 40 pessoas estão trabalhando na fábrica, em Almeirim, entre costureiras, bordadeiros, estampeiros e pessoas que realizam outras atividades. 'Ainda não somos profissionais nesse lado empresarial', diverte-se a cantora, que diz não precisar de regras para garantir o sucesso no negócio. 'Odeio regras. Gosto de inventar, de inovar. Para isso estou trazendo um especialista do nordeste para ministrar um curso de estamparia para os funcionários da fábrica', adianta Joelma.A marca apresenta peças diversificadas e ainda na primeira etapa da produção lançou a coleção 'Os animais pedem socorro', com blusas e calças femininas e masculinas, vestidos e acessórios a preços que variam entre R$ 15 e R$ 300. 'Não se pode dizer que as peças são caras, pois os clientes encontrarão peças de todos os preços. E o mais importante é que tudo tem a cara da Banda Calypso', comemora Joelma.
Fãs firmaram plantão no Hangar'Não tiro os pés do Hangar até conseguir falar com a Joelma esta noite', disse o estudante Alfred Mac Donald, 20, presidente do fã-clube 'Abusados do Calypso'. O jovem, que veio de Icoaraci especialmente para ver a dupla da sua banda preferida, mesmo não conseguindo entrar no coquetel de lançamento da grife Calypso Vest, garantiu que não iria arredar de lá da frente até conseguir falar com Joelma e Chimbinha. 'Eu os amos muito. Tenho todos os CDs, DVDs, várias fotos, compro revistas, fui aos shows em Belém e já decidi que vou tatuar uma bota e uma guitarra com os nomes Joelma e Chimbinha em homenagem a eles', conta empolgado. Com os olhos cheios de lágrimas e ainda um pouco nervosa com a chegada de Joelma ao local, a estudante Ellen Soane, 22, também fã incondicional da Calypso desde quando a banda começou, não conteve a emoção quando viu Joelma ao vivo e a cores pela primeira vez. 'Estou tremendo até agora. Só saio daqui depois que fizer uma foto com ela', afirmou.
ESPECIAIS.A festa, bem intimista, recebeu não muitos convidados, entre eles, a ex-BBB paraense Mirla Prado, que além de ter ido prestigiar o evento, foi conhecer os artistas pessoalmente. 'O Calypso tem o diferencial de exaltar o nosso estado tanto nas músicas quanto nos locais onde fazem shows. Eles sempre levam o nome do Pará e esse é um dos motivos pelos quais somos bem vistos lá fora. Calypso, hoje, é sinônimo de Pará', garante. 'Admiro a banda e gosto do som que eles fazem', ressalta. .Mirla elogiou a iniciativa do grupo de lançar uma grife com o objetivo de gerar emnpregos e acredita que se todos os empresários tivessem o mesmo posicionamento, as coisas iriam melhorar consideravelmente no estado. 'Nós estamos precisando desse tipo de ação aqui'. O que acho ainda mais bonito é que eu sinto que a Joelma e o Chimbinha fazem isso de coração', comenta. .O cantor Nilson Chaves também esteve no evento e analteceu a iniciativa da banda. 'Esse projeto é uma atitude verdadeiramente de cidadão. Além de trazer um pouco da identidade do Pará, tem a proposta de auto sustentabilidade'..Fonte: Jornal O Liberal, caderno Magazine
